segunda-feira, 29 de dezembro de 2025
A Casa de Sanoane de Cima, o Cruzeiro, o Menino Miguel e o Avô
Na Casa de Sanoane de Cima, de paredes antigas e telhado de ceramica, vivia o menino Miguel com a sua família. A casa fica situada num lugar alto, de onde se viam os campos verdes, as árvores antigas e o caminho de pedra que leva até ao cruzeiro da aldeia.
Todos os fins de tarde, Miguel gostava de sentar-se à porta com o avô. O avô tinha mãos pequenas e rugosas, cheias de histórias para contar. Dizia sempre que aquelas mãos guardavam a memória da terra, do trabalho e do amor pela aldeia.
— Avô, conta-me outra história do cruzeiro — pedia Miguel, com os olhos brilhantes.
O avô sorria, levantava-se devagar e dizia:
— Então vamos até lá. As histórias gostam de ser contadas no lugar onde aconteceram.
Caminhavam juntos pelo caminho, junto muros de pedra da casa e ervas curiosas. Quando chegavam ao cruzeiro, o avô explicava que ele ali estava há muitos anos, protegendo a aldeia, ouvindo promessas, agradecimentos e preces de quem por ali passava.
— Este cruzeiro já viu muitas gerações, Miguel. Viu meninos como tu crescerem, partirem e regressarem — dizia o avô.
Miguel tocava na pedra fria do cruzeiro e imaginava todas essas pessoas, como se fossem personagens de um grande livro invisível. Sentia-se parte daquela história.
— Um dia, Miguel, serás tu a contar estas histórias — continuava o avô — e assim a Casa de Sanoane de Cima nunca será esquecida.
De volta, o sol começava a esconder-se atrás do monte, pintando o céu de laranja e dourado. Miguel segurava firme a mão do avô, sentindo-se seguro e feliz.
E assim, entre a casa antiga, o cruzeiro silencioso e as palavras sábias do avô, o menino Miguel aprendia que as histórias mais bonitas nascem da ligação entre as pessoas, a memória e o lugar onde o coração se sente em casa.
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