quarta-feira, 24 de dezembro de 2025

A Casa de Sanoane de Cima, o Natal e o Menino Miguel

Era Natal na aldeia de Bucos. Na rechã do cruzeiro, a Casa de Sanoane de Cima acordava envolvida pelo frio do inverno, mas cheia de calor no interior. O menino Miguel chegou cedo à casa. Ele gostava do Natal ali, porque tudo parecia mágico e verdadeiro. Ao acordar na manhã de Natal, Miguel espreitou pela janela. A eira estava coberta de geada, brilhando como estrelas no chão. Dentro da casa, a lareira crepitava. O cheiro das rabanadas e das filhoses espalhava-se pelo ar. Miguel ajudava como podia. Punha os guardanapos na mesa grande, onde toda a família se reunia. À noite, todos se sentaram juntos. Houve histórias antigas, risos e canções de Natal. Depois da ceia, Miguel saiu um pouco. Olhou para o céu estrelado e sentiu o Natal no coração. Miguel percebeu que o melhor presente não estava na árvore. Estava no amor, na união e na memória daquela casa. Cansado e feliz, Miguel adormeceu. A Casa de Sanoane de Cima guardou mais um Natal na sua história.

segunda-feira, 22 de dezembro de 2025

Homenagem a Dra Maria Alice Brás

80 Anos de Vida, Saber e Dedicação Celebrar os 80 anos de Maria Alice Brás é homenagear uma vida construída com estudo, trabalho, valores familiares e profundo compromisso com a educação e a história. Maria Alice Brás nasceu em Bucos, na Casa da Pereira, lugar de memórias fundadoras e de afetos duradouros. Cresceu no seio de uma família de seis irmãos, onde aprendeu desde cedo o sentido de partilha, responsabilidade e união. Foi em Bucos que frequentou a escola primária, iniciando um percurso de aprendizagem que viria a marcar toda a sua vida. A vocação pelo saber levou-a a prosseguir estudos no Colégio da Torre – Sagrado Coração de Maria, em Braga, e posteriormente no Liceu Sá de Miranda, onde concluiu o ensino secundário, distinguindo-se pelo rigor e dedicação. O caminho académico culminou na Universidade de Coimbra, referência maior do ensino superior em Portugal, onde consolidou a formação que sustentaria a sua carreira de excelência. Como professora do Ministério da Educação, Maria Alice Brás exerceu o magistério com elevado profissionalismo, exigência e sentido ético, deixando marca profunda nos alunos e colegas. A sua ação estendeu-se além-fronteiras, integrando o Ensino de Português no Estrangeiro, na Suíça, onde promoveu com sucesso a língua e a cultura portuguesas, sendo reconhecida pelo mérito, competência e dedicação. Para além do percurso académico e profissional, destaca-se o seu mérito familiar, alicerçado em valores sólidos, na fidelidade às origens e no respeito pela história e pela memória coletiva. Hoje, residindo em Lisboa, Maria Alice Brás continua a ser uma referência de cultura, serenidade e sabedoria. Aos 80 anos, prestamos-lhe uma homenagem sentida e justa, com profunda admiração e gratidão por uma vida exemplar, que honra Bucos, a Casa da Pereira, a sua família. Parabéns, Professora Maria Alice Brás. O seu legado permanece vivo, inspirando gerações.

domingo, 21 de dezembro de 2025

A Casa de Sanoane de Cima e as Férias de verão do Menino Miguel

Na Casa de Sanoane de Cima, o verão chega devagarinho, trazendo sol quente, dias longos e muitas gargalhadas. É ali, entre a serra e o vale, que o menino Miguel vive algumas das férias mais felizes do ano. Todas as manhãs começam com um café da manhã especial. O cheiro do pão quentinho espalha-se pela casa, misturado com o cantar dos passarinhos. Miguel come depressa, cheio de alegria, porque sabe que um grande dia está prestes a começar. O avô, com o seu jeito calmo e sorriso tranquilo, prepara tudo na eira. Abre o guarda-sol, coloca a espreguiçadeira, arruma as cadeiras à sombra e separa as boias e as abraçadeiras. A piscina, cheia de água fresca e brilhante, parece convidar Miguel para brincar. — Já está tudo pronto! — diz o avô. Miguel desce a correr. Mergulha, chapinha, salta, inventa jogos e faz ondas como se fosse um pequeno peixe feliz. A água brilha ao sol, e as gargalhadas ecoam pela eira. Os pais estão sempre por perto, atentos e tranquilos, partilhando conversas e sorrisos. O avô observa tudo com orgulho, guardando no coração cada momento daquele verão vivido em família. Depois do almoço, quando o calor fica mais suave e a tarde parece não ter fim, tudo acontece outra vez. A piscina volta a encher-se de risos, a eira de alegria, e o tempo parece parar só para Miguel. Assim são as férias de verão do menino Miguel na Casa de Sanoane de Cima: dias simples, cheios de cuidado, amor e memórias que crescem com ele, como um tesouro guardado para sempre no coração.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

A Casa de Sanoane de Cima

Na ladeira do tempo, a casa antiga, Ergue-se firme, com história e encanto, As paredes guardam segredos da vida, Nos sussurros do vento, um canto suave. O cruzeiro em pé, vigilante e sereno, De braços abertos, acolhe a oração, Sob o céu que pinta de azul tão pleno, Protege a memória, traz consolação. A figueira, amiga, sob sombra generosa, Balança dançando ao ritmo do ar, Seus galhos entrelaçam, vida preciosa, Em cada folha, uma história a brotar. O canastro alegre, repleto de núcleos, Guarda a colheita, fruto do trabalho, Com mãos calejadas, cultiva amores, Na simplicidade, se encontra o valor. E a fonte murmura, na dança da água, Refresca os dias, traz paz ao coração, Espelho da vida, onde a alma se apascenta, Na casa de Sanoane, encontro a razão.

domingo, 14 de dezembro de 2025

História do Ecomuseu Familiar da Casa de Sanoane de Cima

Eu chamo-me Manuel e vou contar-te um segredo. Na Casa de Sanoane de Cima, as coisas antigas não estão paradas. Elas lembram-se. As pedras, as árvores, o forno e até os caminhos guardam histórias, como se fossem livros sem páginas. Um dia, sentei-me à sombra da figueira grande. Era tão fresca que parecia um abraço. Enquanto comia um figo docinho, pensei: “Esta árvore já viu muitos meninos como eu.” E achei que ela estava contente por eu estar ali. Depois fui até ao forno antigo, onde encontrei o meu amigo Lourenço. Tocámos nas pedras escuras e imaginámos o pão a sair quentinho. O forno parecia sorrir, lembrando-se das pessoas que ali riam enquanto esperavam o pão. Mais à frente, junto ao cruzeiro, estava o José a olhar os caminhos. Ele disse-nos que aqueles caminhos levam as pessoas para muitos lugares, mas também sabem sempre trazer quem volta para casa. Nos pomares, o Miguel mostrava-nos as árvores. Cada uma tinha frutos e histórias diferentes. Aprendemos que a terra gosta de calma e ensina a esperar. Quando o sol ficou muito forte, apareceu o Daniel com um guarda-sol e brincadeiras de água. Rimos tanto que parecia que a casa inteira estava a rir connosco. Nesse dia percebemos uma coisa importante: tudo aquilo era especial e não podia ser esquecido. A casa, as árvores, o forno, a eira, a água e os caminhos tinham muitas histórias para contar. Foi assim que nasceu o Ecomuseu da Casa de Sanoane de Cima. Um museu diferente, onde se pode andar, brincar, ouvir e aprender. Um museu onde as histórias vivem fora dos livros. E sabes uma coisa? Se vieres devagar e com atenção, talvez consigas ouvir as histórias também. Basta escutar com o coração.

A Eira da Casa de Sanoane de Cima e o Menino Miguel

Na Casa de Sanoane de Cima havia uma eira larga, feita de pedra antiga, lisa de tantos pés e de tantos anos. Era ali que o tempo trabalhava devagar, ao ritmo das estações. A eira conhecia o som das malhadas de milho e de centeio, o bater certo dos malhos, o pó dourado a subir no ar como fumo de sol. Os meninos gostavam de ver os adultos trabalhar. Sentavam-se num canto da eira, atento, enquanto as espigas se abriam e os grãos saltavam, felizes por se libertarem. O milho fazia barulho de festa; o centeio, mais sério, caía em silêncio respeitoso. Depois vinham os feijões. Espalhados na eira, secavam ao sol, mudando de cor, estalando de mansinho, como se conversassem entre si. Miguel ajudava a virá-los com cuidado, orgulhoso por participar naquele trabalho antigo. Mas o tempo passou, como passa sempre. A eira continuou ali, firme, enquanto o mundo mudava. Hoje, a eira da Casa de Sanoane de Cima é também o lugar das brincadeiras do Miguel. Onde antes ecoava o som dos malhos, ouve-se agora o riso leve da infância. Miguel chega com os seus brinquedos de água, enchendo baldes, pistolas coloridas e garrafas furadas que fazem chuva fina no ar quente do verão. No meio da eira, um guarda-sol aberto cria uma ilha de sombra. É ali que Miguel faz pausas, bebe água fresca e imagina que a eira é um grande mar de pedra, onde ele é capitão, agricultor e aventureiro ao mesmo tempo. A eira, paciente e sábia, aceita tudo: o trabalho de ontem e a brincadeira de hoje. Sabe que ambos são importantes. Ensina, sem falar, que o passado alimenta o presente e que a alegria das crianças é também uma forma de colheita. E quando o sol se põe atrás dos montes, a eira da Casa de Sanoane de Cima guarda mais um dia — com cheiro a milho antigo, feijão seco e gargalhadas de água do menino Miguel.

sábado, 13 de dezembro de 2025

O Cruzeiro da Rechã de Sanoane de Cima e o Menino José

Na Rechã de Sanoane de Cima, onde a terra é lisa e o céu parece mais perto, erguia-se um cruzeiro antigo, feito de pedra clara e marcado pelo tempo. Diziam os mais velhos que aquele cruzeiro guardava histórias, segredos e pedidos sussurrados ao vento. O menino José passava por ali todos os dias. Era curioso, atento e gostava de se sentar à sombra do cruzeiro para ouvir os sons da aldeia: o canto distante dos galos, o murmúrio das ribeiras e o ranger suave dos carros de bois ao longe. Certo dia, José reparou que o cruzeiro parecia diferente. A pedra estava morna, como se tivesse apanhado sol por dentro. Aproximou-se e colocou a mão com cuidado. Nesse instante, uma brisa leve rodopiou à sua volta, trazendo um cheiro antigo de giestas e pão acabado de cozer. — José… — sussurrou uma voz doce, que parecia vir da própria pedra. Assustado, mas corajoso, o menino ficou quieto. — Sou o guardião da Rechã, continuou a voz. Vejo gerações passarem, brincarem, crescerem. Preciso de alguém que cuide das memórias da aldeia. José sentiu o coração bater mais depressa. Prometeu que protegeria aquele lugar, que respeitaria a terra, as pessoas e as histórias que ali viviam. Desde esse dia, o menino José passou a limpar as ervas em volta do cruzeiro, a sentar-se ali para contar histórias aos mais novos e a ouvir os mais velhos, guardando cada palavra como um tesouro. E o cruzeiro, silencioso mas atento, parecia sorrir em pedra sempre que José passava. Dizem que, até hoje, quem se senta na Rechã de Sanoane de Cima sente uma paz especial — a paz de um lugar onde um menino aprendeu que cuidar da memória é também cuidar do futuro.

sexta-feira, 12 de dezembro de 2025

A Rechã de Sanoane

Na rechã de Sanoane, o tempo abranda, sobre a terra aberta ao céu antigo, ergue-se o cruzeiro, guardião de silêncios, cruz de pedra onde a fé repousa e vigia. Ali, os passos antigos deixaram sinais, vozes de outrora misturam-se ao vento, rezas baixas, promessas simples, a sombra do cruzeiro alonga-se na tarde. A Casa de Sanoane de Cima observa, de janelas abertas ao vale e à memória, paredes que guardam risos, lutos e esperança, coração de pedra onde a vida sempre voltou. Entre a casa e o cruzeiro corre a história, feita de encontros, partidas e regresso, terra partilhada, chão de comunidade, onde cada pedra sabe o nome de quem passou. E quando o sol se deita por trás dos montes, a rechã fica em silêncio dourado, como se o lugar inteiro rezasse baixinho, agradecendo o dia, guardando o amanhã.

O Limoeiro da Casa de Sanoane de Cima e a Menina Luisa

No alto da colina, a casa de Sanoane de Cima guardava um tesouro: o lindo limoeiro siciliano, de copa frondosa e generosa. Luisa, com seus olhos curiosos, visitava-o diariamente. Na primavera, o arbusto se enfeitava com flores brancas que perfumavam o ar. No verão, os frutos amarelos pendiam, prometendo magia. Dali saíam os limões que temperavam os peixes do rio, as carnes assadas e, principalmente, os sucos ácidos que Luisa adorava, com seu sabor que explodia de frescor. Era mais que uma planta; era um amigo silencioso e imprescindível na vida simples daquela casa rural.

terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Verão em Bucos

No verão em Bucos, na casa de Sanoane de Cima, as tardes estendem-se douradas sobre os vales, onde o calor parece vibrar no ar parado. O canto dos grilos sobe das clareiras, marcando o compasso lento da natureza, enquanto os pinheiros se balançam suavemente, como se abanassem o calor com gestos pacientes. Há no ar o sabor fresco da água das fontes, que corre límpida pelas encostas, e a paz morna das estradas de paralelo que guardam passos antigos. Nos tanques de pedra, a água clara espelha o céu e refresca o sol que cai sobre as eiras, trazendo um descanso sereno aos que por ali passam. É um verão cheio de calma, memória e encantamento.